sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ás vezes basta ler Guimarães Rosa...

"Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei pra achar, era uma só coisa - a inteira - cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver - e essa pauta cada um tem - mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber? Mas, esse norteado, tem. Tem que ter. Se não, a vida de todos ficava sendo sempre o confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto; mas, fora dessa consequência, tudo o que eu fizer, o que o senhor fizer, o que o beltrano fizer, o que todo-o-mundo fizer, ou deixar de fazer, fica sendo o falso, e é o errado. Ah, porque aquela é outra é a lei, escondida e vivível mas não achável, do verdadeiro viver: que para cada pessoa, sua continuação, já foi projetada, como o que se põe, em teatro, para cada representador - sua parte, que antes já foi inventada, num papel..."

Um comentário:

PRECIOSA disse...

Passando pelo blog, encontrei esse espaço...
Me encantei! Se permites aquin sempre voltarei...
Te sigo com carinho

Preciosa Maria

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