sexta-feira, 25 de setembro de 2015

amplificar, pouco a pouco.



Hoje recebi uma carta por baixo da porta
era a letra de Tarcísio, e dizia:


esta manhã
estava eu inconsolável por abandonar a minha sorte na mão das decisões alheias.
estava sem braços, sem voz, na necessidade urgentíssima de saber o que une os seres se não há vontade de permanência.
foi então que olhei um broto nascendo sozinho naquele vaso sobre a mesa onde a terra já não sentia o gosto de água há uns bons dias e pensei : é tão descansável saber da existência de uma semente brotando em um jardim quase sem esperanças.



fechei a carta, respirei fundo, e tive vontade de sussurrar no ouvido de Tarcísio as seguintes palavras:

não há seres absolutos, caro amigo. 
mas se existe algum laço que nos une, esse laço chama-se:


                                                                                                           so-li-dão.

...